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5 Negros poderosos na indústria da Moda Internacional

Hoje, 20 de novembro, comemora-se no Brasil o "Dia da Consciência Negra", data em que refletimos a inserção do negro na sociedade brasileira. Não à toa, escolhida por coincidir com o dia atribuído à morte de Zumbi dos Palmares, em 1695, grande ícone e símbolo de resistência racial.

Nosso pais hoje conta com 50,7 % da população se autodeclarando negra e parda (Censo 2010) e  a cada dia, uma consciência de empoderamento passa a se refletir também em nossas posturas. Não somos vítimas, queremos inclusão e cada vez mais respeito. Assim como espaço. Graças que apareçam personalidades pra que possamos nos identificar com o que a vida possa nos oferecer, além do que nos é imposto ou sub julgado. 

A moda acompanha as mudanças da sociedade. O negro passa cada vez mais a ser incluído no mercado em posições importantes e contribuintes para a engrenagem do mercado em questão. Ainda que em menor número, vemos hoje nomes influentes, tornando a diversidade de fato em pura prática. Estilistas, editores, modelos, fotógrafos, maquiadores...Os nomes não param de aparecer. 

O blog NA LÍNGUA DO JU  selecionou cinco homens negros poderosos na moda internacional atual. E não são apenas promessas: eles estão determinando os rumos futuros de uma moda mais diversificada, respeitosa, inventiva e criativa. E sim, estão fazendo mega sucesso!

Confira:  

Edward Enninful

Natural de Gana, Edward Enninful se mudou para Londres, onde passou a infância com sua família. Aos 16 anos, foi visto no trem pelo editor e estilista britânico Simon Foxton, que o abordou e disse que ele deveria virar modelo. Fez justamente isso. Ainda na adolescência, Enninful decidiu que gostaria de trabalhar em uma revista. Logo antes de completar 18 anos, virou assistente de Beth Summers, editora de moda da revista britânica i-D. Apesar de ter que conciliar o trabalho na revista com a carreira de modelo e com a vida de estudante, ele tornou-se, aos 18 anos, o diretor de moda mais jovem da história da publicação. Em 1998, ele passou a ser colaborador da Vogue italiana e, em 2005, começou a colaborar também com a Vogue americana, já sob o comando de Anna Wintour.

Em 2008, Enninful foi um dos responsáveis pela "black issue" da Vogue Itália. A edição é hoje considerada uma das mais icônicas não só da franquia Vogue, como também do mercado editorial de moda em geral. As quatro capas com as modelos Naomi Campbell (do Reino Unido), Liya Kebede (da Etiópia), Jourdan Dunn (do Reino Unido) e Sessilee Lopez (dos EUA) são itens dce colecionadores e valem muito no mercado especializado. Teve tanto sucesso que esgotou nas bancas do Reino Unido e dos EUA em 72 horas. A Vogue italiana mandou rodar outras 60 mil cópias da revista: 30 mil para o mercado americano, 20 mil para a Itália e outras 10 mil para o Reino Unido. A então editora-chefe da publicação, Franca Sozzani, disse em entrevista à revista americana Time que a edição foi inspirada pelo potencial inexplorado das modelos negras e pela candidatura do então candidato à Presidência dos EUA, Barack Obama.

Em 2011, Enninful foi trabalhar na revista W, onde permaneceu até assumir o cardo de editor-chefe da Vogue UK, nesta ano de 2017. 

Ao longo da carreira, Enninful recebeu diversos prêmios por seu trabalho. A homenagem mais recente veio da realiza britânica em outubro - ele ganhou a medalha da Ordem do Império Britânico da princesa Anne. O reconhecimento foi atribuído a seus esforços para tornar a indústria da moda mais diversa. Em 2014, ele recebeu o Prêmio de Moda Britânico, a principal premiação do gênero no país e uma das mais importantes do mundo, na categoria Isabella Blow de criação de moda.

Telfar Clemens

Liberiano-americano, Telfar Clemens é dono da marca Telfar, e venceu o principal prêmio do CFDA/Vogue Fashion Fund deste ano. Telfar nasceu no Queens em 1985 e lançou sua marca unissex em 2005. Hoje, ela pode ser encontrada em multimarcas como Opening Ceremony. Ele cria roupas casuais e esportivas, muitas delas com recortes que mudam a forma das peças. Uma linda combinação de cores também é recorrente em seu trabalho. Telfar não tem uma educação de moda tradicional e começou a criar reconstruindo peças de roupas até começar a fazer suas peças para seu próprio guarda roupa. Em um mundo em que muitas pessoas não tem como pagar um bom ensino, ele é um sopro de esperança.

André Leon Talley

Da Carolina do Norte (área de grande segregação racial dos EUA) para as páginas da Vogue, André Leon Talley é uma das personalidades mais conhecidas e respeitadas no circuito da moda e um dos maiores insiders da indústria. Talley, que começou a trabalhar na Factory, de Andy Warhol em 1974, foi um dos fundadores da icônica "Interview" de Warhol. No mesmo período, trabalhava voluntariamente ao lado da lendária Diana Vreeland, que na época dirigia o Metropolitan Museum of Art. Women’s Wear Daily (muito antes de se transformar no WWD de hoje, W Magazine e New York Times foram alguns dos veículos que Talley trabalhou, antes de entrar na Vogue América no ano de 1983, onde ficou até 2013. 

Para 2018, a cineasta Kate Novack prepara o documentário "The Gospel According to Andre", que teve pré-estreia no último Festival Internacional de Cinema de Toronto em setembro. O filme acaba de ser comprado pela Magnolia Pictures e estreia em circuito no primeiro semestre de 2018.

Virgil Abloh

Abloh lançou a Off-White em 2013 e rapidamente chamou atenção na moda: em 2015, foi o único americano a se tornar finalista do prestigioso LVMH Prize, para jovens estilistas. En route, ajudou o streetwear a bombardear o setor de luxo para ocupar uma posição de destaque dentro dele.

A Off-White é vendida em butiques como Barneys New York e Colette, sem falar das lojas/pontos de encontro que Abloh projetou em Tóquio, Hong Kong e outras cidades. O primeiro endereço nos Estados Unidos abriu no SoHo, em Nova York, no dia 10.08 com festa de inauguração em setembro, durante a semana de moda da cidade.

Filho de imigrantes de Gana criado em Rockford, subúrbio de classe média de Chicago, Abloh cursou engenharia civil na University of Wisconsin. No último semestre da faculdade, se inscreveu nas aulas de história da moda, e a descoberta da Renascença, de Caravaggio - e a noção de que a inovação era possível dentro de uma disciplina criativa -, "me virou a cabeça". Assim como sua imersão na obra de Mies van der Rohe e Rem Koolhaas no Illinois Institute of Technology, onde obteve o diploma de arquiteto.

Tradutor perspicaz da cultura jovem, Abloh, por ser "criativamente esquizofrênico", como ele próprio se descreve, fez incursões em tantos campos que é difícil acompanhar: atua como DJ em festas em todo o mundo sob o apelido Flat White e, apenas em 2016, fez colaborações para as marcas Moncler, Levi’s e VLONE.

Também apresentou sua primeira linha de móveis na Design Miami durante a Art Basel Miami e planeja publicar livros sob seu próprio selo. Estão por vir parcerias com a Nike (que ganhará as lojas ainda este ano) e um grande varejista de mobiliário ainda sem nome; há até um hotel na Ásia e mandamento.

Seu público-alvo é a geração de jovens pós-Tumblr, criada no YouTube e nas mídias sociais e que tem na ponta da língua grifes pouco conhecidas e que quer usar a Off-White - ou começar sua própria marca. "Estou sempre tentando provar para minha persona de 17 anos (ele tem 36) que consigo fazer coisas criativas que pareciam impossíveis", diz.

Uma série de livros em que está trabalhando tem modelos usando suas roupas em marcos da arquitetura, como o Pavilhão de Barcelona de Mies van der Rohe. "A ideia é ensinar meu público sobre arquitetura por meio de construções que inspiraram meu modo de pensar. Quero colocar a cultura em um caminho para que se torne mais inclusiva."

Ele aponta pessoas próximas que não são estilistas, mas estão impactando a música, a arte e a moda: o rapper A$AP Rocky, o diretor criativo A$ AP Bari, o artista underground Jim Joe, o modelo teen Luka Sabbat e o stylist Ian Connor. "Essa garotada não percebe o poder que tem. Eles poderiam se tornar mais relevantes do que marcas de moda."

Recentemente fechou parceria com a Nike, trazendo um bom fluxo de energia nova pra gigante esportiva,  além de promover sua marca em uma escala muito maior. O estilista reinterpretou 10 modelos icônicos da marca americana como o Air Max 90 e o Nike Air Max 97. A linha foi dividida em dois temas. Revealing, visualmente mais acessível, inclui os modelos Air Jordan I, Nike Air Max 90, Nike Air Presto, Nike Air VaporMax e Nike Blazer Mid. O segundo, Ghosting, foi projetado com as partes superiores translúcidas pra dar a ideia de revelar e unir o segundo conjunto de silhuetas através de um material em comum. Assim foram feitos Converse Chuck Taylor, Nike Zoom Fly SP, Nike Air Force 1 Low, Nike React Hyperdunk 2017 e Nike Air Max 97.

Shayne Oliver

Shayne Oliver, natural de Minessota (EUA), finalista do LVMH Prize em 2014 e vencedor do Prêmio Swarovski de moda masculina do CFDA no ano seguinte, é quem encabeça a Hood by Air, um coletivo underground fundado em 2006 nos moldes da Vetements (de certa forma, a estética de ambas as marcas se aproximam, aliás).

A marca ficou conhecida por seu intrépido streetwear que quase converge com o couture, conquistando rapidamente uma legião de fashionistas (Rihanna e A$ap Rocky entre eles) ao se tornar um dos hot-tickets da semana de moda nova-iorquina. Seus desfiles impactantes sempre apresentavam interessantes castings de “não modelos”. O Verão 17, por exemplo, foi patrocinado pelo site pornô PornHub e teve até Wolfgang Tillmans desfilando. A marca também é grande representante da comunidade LGBTQ. Em uma recente coleção cápsula, Oliver se inspirou na comunidade gay da Jamaica, país onde a homossexualidade é proibida.

Shayne foi o deisgner responsável pela última e super bem recebida coleção da grife Helmut Lang. Convidado por Isabella Burlley, editora da Dazed Magazine e atual “editora em residência” da Helmut Lang. O desfile foi um dos ápices da Semana de Moda de Nova York, edição de Verão 2018. 
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