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Tudo sobre "Utopia", novo álbum da Björk


"Utopia", 10º álbum de estúdio de Björk, foi lançado hoje, 24/11, via One Little Indian, em CD, Digital Pack e LP. Ao todo são 14 faixas inéditas, sendo o mais longo álbum da carreira da cantora islandesa até o momento. O trabalho de divulgação já contou com dois excelentes singles que trazem essa nova atmosfera e fase da cantora. Falamos de "The Gate" e de "Blissing Me", aqui no blog NLDJ
Para quem estava esperando ritmos alucinantes, o retorno às pistas, ou um pouco mais de acessibilidade ao universo da cantora, fique com uma versão um pouco mais difícil de "Medulla" (2004), mas com um toque de lirismo, introspecção, romance e sexo. Sim, é o resultado non stop da ideia de que o novo trabalho seria um "Tinder", como a cantotra já havia anunciado anteriormente. 

Björk não chega acessível e nem pretende ser. Ao mesmo tempo, "Utopia" é contemporâneo ao construir um universo musical acima do que o mercado fonográfico habitualmente nos oferece. E se em "Vulnicura" (2015), uma espécie de retrato confessional, que tinha como contexto a dissolução da ligação amorosa de dez anos da cantora com o artista plástico americano Matthew Barney, transposta para uma comovente sonoridade orquestral, o novo álbum constituiu a superação dessa tristeza e um olhar renovado sobre a realidade à volta. 

"Utopia" procura a luz, o acreditar outra vez na transcendência e na possibilidade do amor. Não necessariamente o amor relacional, mas o universal ou espiritual, essa disponibilidade transbordante de afeto pelos outros, sejam eles pessoas, seres, plantas ou objetos. Mas não é apenas uma utopia de caráter mitológico, a possibilidade de criar um outro lugar de prazer. Existe também o ambiente pós-Trump e a responsabilidade de não ter apenas uma atitude reativa, antes contrapor com alternativas e otimismo perante um opressivo clima sociopolítico conservador. E isso se mostra não somente nas músicas, mas também na persona criada por Björk e que acompanha essa viagem musical. Um ser mitológico, que vive em uma floresta mágica e luxuriante, feita de sons e vozes celestiais, com flautas, harpas, elementos eletrônicos e sons de pássaros. 

Na produção e construção desse espaço utópico, além de escrever e co-produzir, Björk editou e estruturou sozinha todas as faixas. Para o disco, montou uma orquestra de flauta islandesa com 12 membros. Também escreveu um arranjo para o coral Hamrahlíðarkórinn. Alexandro Ghersi, o jovem músico e produtor venezuelano Arca, presente no disco anterior e que tem tido papel relevante na música dos últimos anos, com três álbuns solo, e importantes colaborações (FKA Twigs, Kelela, Kanye West), aparece novamente em "Utopia". Mais do que executante, foi um parceiro criativo e isso pressente-se nos espasmos eletrônicos e nas sombras misteriosas que se desenham no horizonte sonoro das canções. Em certos momentos, a voz da cantora parece mais um instrumento. Em outros, é absurdamente expressiva. E se as orquestrações eram centrais em "Vulnicura", da mesma forma que a voz humana em "Medulla" ou os microrganismos eletrônicos em "Vespertine", no novo álbum é a flauta a grande protagonista. O instrumento pontua todo o trabalho. Desde o seu som mais natural, até sobreposições e camadas dissolvidas nas faixas. O resultado final é soberbo. Se "Vulnicura" simbolizava a desesperança do fim, "Utopia" representa um novo capítulo. Um glorioso renascimento ou um particular ato de acasalamento.

Em Artigo da Dazed Magazine, Björk afirmou que os sons calmos de pássaros das canções que ocorrem entre faixas, de forma similar ao seu álbum de 2007, "Volta", são provenientes de gravações de campo da própria cantora, no entanto, também foram amostras extraídas do álbum de David Toop, "Hekura" (1980), o qual considera como um de seus álbuns favoritos.

Confira o tracklist:

1. Arisen My Senses   
2. Blissing Me   
3. The Gate   
4. Utopia   
5. Body Memory   
6. Features Creatures   
7. Courtship   
8. Loss   
9. Sue Me   
10. Tabula Rasa   
11. Claims Taker   
12. Paradisia   
13. Saint   
14. Future Forever

Clique aqui e ouça o álbum compelto no Spotify.

Não deixe de conferir os clipes de "The Gate" e "Blissing Me" a seguir:



"Utopia" não seria completo se não estivesse acompanhado de uma boa imagem. Esse novo ser interpretado pela cantora traz traços de uma fada, um fauno, um alienígena...Interprete da forma como quiser. Coube assim à Santiago Felipe as fotos do encarte do álbum. Edda Guðmundsdóttir cuidou do detalhado stylist e a maquiagem impactante ficou a cargo do make-up artist e drag queen Hungry, conhecido na cena drag de Berlim. James Merry, parceiro de Björk deste a fase "Vulnicura" não poderia ficar de fora e cuida da máscara usada pela cantora na capa, fotografada por Jesse Kanda. AGucci também aparece na plataforma prateada usada por Björk. E sim, é um strap-on que você vê na foto...

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